quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Devolva-me os livros


Devolva-me os livros,
minhas roupas e a cruz
de São Benedito.
Quanto à casa,
aparecerá quem a cuide melhor!
As flores, de propósito,
agrupar-se-ão ao redor
das janelas,
e todas elas,
ofegantes e silenciosas,
irão lembrar que um dia
a dama lhes sorriu.
Compreendo bem
o que você pensava
quando me enchia
duma ternura especial.
Compreendo bem
suas atitudes engenhosas
e suas sábias histórias.
Se tivesse mais tempo
acreditaria quando dizia
que me amava.
Se tivesse mais tempo,
denunciaria seu espanto
e sua cólera,
sua terrível expressão
perante seus antepassados.
Quero ouvir somente
seus suspiros,
seus murmuros.
Quero ouvir somente
os seus gritos,
os seus brados,
enquanto estiver caminhando
com a certeza
de não voltar atrás.
Enquanto estiver caminhando
com as asas da alma,
abertas e suspensas,
arrastando-me outra vez
para longe de você.


Acreis, 13/02/2013, Pedra de Guaratiba/RJ

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Quando Nossas Noites Eram Claras


Quando nossas noites eram claras
olhávamos um ao outro nos olhos
e juntos víamos o céu.
A lua então sorria.
Compreendíamos o que as estrelas
falavam
e o que elas pensavam, em cada piscar.
Nossos corações se enchiam
de uma ternura sideral, tão sideral,
que nos deixavam acordados
durante horas e horas, nas noites
em que deitávamos
com as mãos entrelaçadas
e os corpos ardentes de paixão.
Mas chegaram os dias tenebrosos,
com suas nuvens cinzas e espessas,
escondendo o céu e as estrelas,
e até nossos lábios perderam a cor,
e nossos olhos repletos de lágrimas
assistiram ao derradeiro suspirar
de nossas almas.
Acreis, 05/02/2013, Sta Cruz/RJ
Para Iolanda. com amor.

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