És tu, meu filho, quem estás nas ruas,
andando, gritando, junto à turbamulta,
deixando em casa tua mãe enferma,
quase morta no quarto,
quase amiga da morte,
presa à imagem antiga
dum Cristo crucificado?
Ajoelho ao pé da cama
e em orações te peço:
volte para casa!
Afaste-se do tique-tique das botinas
e do ruído das saias engomadas!
Tua mãe ainda é sã!
Embora viúva aos 43 anos,
abastada senhora
querendo conservar-te em casa,
com escrúpulos,
a vigiar tua educação.
Mas, ó meu filho,
se é vontade tua,
continue nas ruas
com tua cara pintada,
com tuas imagens coloridas
e tua barba de cor ardente!
Conserva-te indolente
carregando teus cartazes
onde se lê o que se vê,
tua indignação com os custos
da vida rapariga que vivemos!
Vais, junto com o povo,
lavar a louça suja desse Brasil
que cheira rapé em caixa de ouro!
Acreis, 21/06/2013, Sta Cruz/RJ
(chez moi)