quinta-feira, 5 de dezembro de 2019
Língua Lânguida
Não me faças mais caretas,
Apenas fiques ali sentada, em silêncio.
Espreguices tuas lembranças,
Mas não me roubes mais
O amor que sinto por ti.
Porque não tenho mais argumentos
Para tantas lágrimas...
Por que te amo desenfreadamente?
Ando procurando dias mais brandos
Para tomar decisões,
Fechado em meu quarto,
Sob uma lâmpada azul,
Para transformar, tentar transformar,
Tu em ninguém...
Porém, fico furioso pelo insucesso,
Porém, furiosamente admito outra enrascada,
Agora sem mais argumentos para lágrimas.
E tu apareces, roçando teu corpo no meu,
Derretidinha por mim, língua lânguida,
Que perspicaz me lambe e lambe,
Envolvendo-me, engulindo-me,
Agraciando todo o meu corpo e alma.
Acreis, 17/09/2012, Sta Cruz/RJ
P/ Iolanda.
domingo, 18 de agosto de 2019
Querida
Tu, querida, não conheces a vida.
És um anjo cheio de paixões.
Tua mãe, morta de parto,
quando ainda eras de berço,
foi infeliz por própria culpa.
- Débil felicidade imprecisa!
Lembro-me de ti ainda jovem:
Odiavas a leitura e só gostavas
de coser, tagarelar e rir...
Pegues para mim a espingarda
de calibre 24,
aquela que não dá coice,
porque vou à caça.
E quando me apetecer,
quando não tiver nada de melhor,
volto para teus braços.
Mas, por enquanto, não chores,
pois sou eu quem vai buscar a samarra,
logo que o calor diminuir,
já que talvez não estejas em casa.
Do pé da janela
contemplo teu rosto e espero a tua carícia prometida.
Sou feliz por sofrer
por tua causa,
e amo a tua dor
como sinal do amor
que tens por mim.
Acreis, 13/03/2011, Bangu/RJ
segunda-feira, 12 de agosto de 2019
JOVEM MENINA
Toda a suavidade fascina
O que claramente dormia.
Ela, a menina no campo,
Graciosa e desafiadora, surge em imagem
Entre os cochichos das flores,
Para, na agonia das lágrimas,
Recordar todos os lamentos.
A lucidez resplandece todo o silêncio
Das mensagens, a menina então insiste em seduzir,
Pacientemente, o som de uma concha.
Acorda, então, estreitando as ventanias,
Ansiosa e sufocada, em um planeta cinza,
Selvagem, em sua memória surrealista.
A inocente jovem, que procura lembranças
Nos espelhos de seus olhos,
No vermelho de seu sangue,
Na estranheza de sua origem,
Suavemente mostra sua habilidade
De curandeira, quando, de forma estranha,
Delineia no céu os percalços da vida.
Acreis, 21/11/2010, Madureira/RJ
domingo, 28 de julho de 2019
Árvore da Vida
Pelo correio do pensamento
te mando uma mensagem da máxima importância,
como um trem que sai de um túnel
à procura de tua estranha beleza.
te mando uma mensagem da máxima importância,
como um trem que sai de um túnel
à procura de tua estranha beleza.
Tu cantas o canto das cigarras
para dar vida às árvores.
Ah! O amor me deixa tão solitário...
Os teus olhos, depois de riscarem
a sua trajetória na noite,
somem no meio da escuridão,
desaparecendo nas casas e colinas,
sem cor nem janelas.
Te encontro à margem de um rio
onde passeiam os mortos.
Ali está a tua mão.
Ali estão os mortos,
já que a morte não existe.
Te vejo perto daquela gente vagarosa,
que me olha tão vagamente,
sob a carícia da brisa.
Ainda não se sabe nada da vida!
Esta noite quero sentir
na flácida pele da tua face desgatada
o beijo da compaixão,
pois a vida não tem nada a ver com rosas.
Nossos momentos são esses,
como aqueles botões da árvore da vida,
que antes eram flores da escuridão.
Acreis, Madureira/RJ, 19/04/2011
Para Iolanda, avec amour.
segunda-feira, 17 de junho de 2019
Presença Última
É verdade.
Quis aniquilar nossa amizade,
Mas a libidinagem não deu espaços.
A verdadeira paixão não é mais algo imaginado...
Eu penso assim: existe o amor que nos direciona,
Que faz a vontade se tornar recíproca,
Insistindo em ser autêntica,
Criando vínculo, sem exceção.
Reuni o que sempre omiti em fórmulas de bem-querença,
Atribuindo à fórmula expressa qualquer aconchego.
De fato, conduzo a virtude das coisas de modo a adequá-las
A sua presença, sempre bela e alegre.
Fenômeno forte é o sentimento, que traz o agrado pleno,
Que adere as virtudes em desfrute de prazer...
Incomuns e denominadas, que transitam, suportando a derradeira acuidade,
São as paixões!
Nos gestos obcenos de minha memória a virtude ainda é estimada..
Nem por isso careço em ordenar os percalços sem prudência.
Reivindicarei, de que maneira for, os caprichos da sorte,
Para desfrutar deleites e afugentar razões diversas.
Incorporarei o encantamento do esplendor,
Vincularei revelações,
Para o último abraço da sua presença.
Acreis, 23/11/2010, Sta Cruz/RJ
Para o meu amor, Iolanda.
sexta-feira, 24 de maio de 2019
IMAGENS DE UM SONHO
Coração cigano, feito de vidro, desenhado com feridas.
Coração desnudo, que busca nas cartas o derradeiro silêncio.
A noite, serena, chega, como se estivesse afogada.
Chega na ternura de menina, que traz na mão um punhal,
Com um jeito diferente, diferentes ideias, mas chega.
Escondo meu travesseiro, não deixo espaço na cama,
Fico só, com minha loucura.
A amargura do ser é soprada nas paisagens,
Na invisível melodia que vem antes da aurora.
Não tenho medo, mas temo o seu corpo agora,
Principalmente nesta madrugada sem neve.
O barco, à deriva, perde-se nas espumas,
Nos sons das flautas, música qualquer que ouço,
Para acabar de vez por toda com a tristeza.
É triste ser triste. É como ser areia sem imagem,
Que se perde, lentamente, sem formas.
A hora da agonia ainda não chegou,
Mas as asas das montanhas deixam fugir a fumaça,
Que se transforma em pedra,
No meu ou em outro verso qualquer.
As fotografias de minha infância
Estão ainda escuras, coladas nas páginas, estampadas
Nos frutos, na profundeza da tarde,
Em alguns cristais,
Mas estão lá, nas veredas, feito figurinhas jogadas nas águas.
Serpentes, sortilégios, poesias,
Tudo dormindo em um ninho só,
Aguardando o despertar da manhã.
-------------Acreis-------------
, 19/11/2010, Sta Cruz (em minha casa).
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019
Alma Penada
Me diga o que você é capaz de fazer,
fale para mim, baixinho.
Mas não deixe pra depois
esse feijão com arroz,
benzinho.
Fale como se tivesse
medo de mim,
como se quisesse
me assustar.
Fale de um jeito assim,
assim como se fala
sem querer falar.
Você pelada
é uma visão
estranhamente prazerosa;
mais que o dobro
de mulher alta, loura
e escandalosa.
Me olhe outra vez
com essa expressão
amedrontada,
para eu lembrar
dos nossos dias
felizes,
do meu peito
coberto de cicatrizes,
da sua alma penada.
O que está em jogo
aqui não é só
a família,
não é sua filha
nem o seu pai.
É mais do que isso,
é mais do que mais.
Então vamos viver,
de repente parecendo
ansiosos,
arrebatando nossas
almas dos destroços,
é pouco mas é o que posso
oferecer
para você.
Eu disse que iria te encontrar,
e pra te ajudar
segui o teu rastro,
farejando o teu rabo,
angu com quiabo...
Vou tirar o diabo
do teu corpo,
vou encher o teu copo
e deixar tudo pronto!
Ponto.
Mas não deixe pra depois
esse feijão com arroz,
benzinho.
Fale como se tivesse
medo de mim,
como se quisesse
me assustar.
Fale de um jeito assim,
assim como se fala
sem querer falar.
Você pelada
é uma visão
estranhamente prazerosa;
mais que o dobro
de mulher alta, loura
e escandalosa.
Me olhe outra vez
com essa expressão
amedrontada,
para eu lembrar
dos nossos dias
felizes,
do meu peito
coberto de cicatrizes,
da sua alma penada.
O que está em jogo
aqui não é só
a família,
não é sua filha
nem o seu pai.
É mais do que isso,
é mais do que mais.
Então vamos viver,
de repente parecendo
ansiosos,
arrebatando nossas
almas dos destroços,
é pouco mas é o que posso
oferecer
para você.
Eu disse que iria te encontrar,
e pra te ajudar
segui o teu rastro,
farejando o teu rabo,
angu com quiabo...
Vou tirar o diabo
do teu corpo,
vou encher o teu copo
e deixar tudo pronto!
Ponto.
------Acreis--------
, 28/02/2012
Madureira/RJ
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