sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Minha Amada

                  
                      
Quando bati as botas
Ninguém me lamentou
E foi pouca gente
Ao meu enterro.

Mas por lá
Apareceu a minha amada
Com seu enorme
Guarda-sol vermelho,
Onde recitou
Versos de Ovídio
E suas alusões mitológicas.

Dias depois do meu enterro
Apareci errando pelas praças.
Minha casa fora vendida
E meu cachorro, abandonado,
Gemia com sua fome pelas ruas.

Mas por lá
Apareceu a minha amada,
Ao pé da ponte,
Um pouco à beira do rio,
Pedindo-me de aluguer
Uma casa, bem situada,
De preferência com todos os móveis!

Ela também havia morrido
Disseram-me que de paixão...
Deitou-se comigo
Em um gramado azul
Ao redor de um chafariz
Mostrando-me seu ventre nu.

A noite cerrara.
Em redor da praça outros dormiam,
Alguns sentados
À luz triste dos candeeiros...

Sentíamos o cheiro do petróleo,
Enquanto o sino da Sé
Batia pausadamente
O toque dos espíritos.

Acreis, 16/06/2013, Sta Cruz/RJ
À minha amada, Iolanda,
avec amour!

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