O meu amor trajava um lindo
Vestido de cassa branco-azul,
De corpinho muito curto
Mas de mangas enormes
E um formidável penteado,
Com plumas amarelas na cabeça.
Fomos à missa.
Naquela ocasião eu sentia
Um abatimento profundo,
Comum de dar em moços
Com espinhas no rosto
De voz rouca e gogó pontudo.
Fomos à praça.
Meu amor com as pálpebras
Sempre baixas
Com sua beleza de moça
Falando comigo com sua voz sumida
Sem olhar o moço
De rosto bem-encarado
Que a fitava com os olhos
De quem acabou de chegar da guerra.
Esse dia era domingo.
Não chovia nem fazia sol,
Somente uma quentura no corpo
E uma vontade danada
De pegá-la no colo
E sair por aí desencabrestado.
Perturbada, meu amor levantou-se
E pôs-se a andar em direção à Igreja.
Ora vejam! – exclamou o Vigário,
Eu não sabia!
Benção, seu Padre,
O Tonico acaba de me pedir em casamento!
Acreis, 28/0/2013, Sta Cruz (chez moi)
P/Iolanda, avec amour