segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Traga Também Poesia

Minha mãe mandou minha irmã ir ao mercado
Para comprar batata, cenoura, beterraba e macarrão
Do meu quarto eu gritei: traga também poesia
Vou tomar um bom banho de água fria
Água quente deixa a gente muito lento
Quase todos os grandes sites nada dizem, nada executam
Maninha, traga também poesia
Telefonarei para o dono do mercado
Se não tiver poesia hoje, que traga amanhã
Eu quero ficar brincando de escrever
Eu tenho um monte de casos em minha vida

Mãezinha, está havendo uma explosão em meu peito
Eu tenho um monte de tristeza em minha vida.
Quando eu era criança, minha avó me ensinou uma canção tão inocente
Eu quero criar uma grande canção inocente
Eu sabia que meu pai tinha algo para me ensinar
Por graça de Deus, meu pai era poeta
Eu não quero perder nada em minha vida
Na minha casa não tem mais poeta ?
Eu tenho um monte de coisas para escrever, coisas da minha vida.
Minha mãe estava chorando
Mas eu tenho a solução para sua taquicardia
Ela não quer morrer tão nova sem ter vivido a vida
Eu não digo nada
A minha vida cabe em toda a poesia do mundo
Minha mãe acha que vai  morrer em breve
Todo filho não tem coragem em aceitar, mas em primeiro lugar , eu acredito
Que o maior sofrimento é a perda de um filho
Resistência , sacrifício, violência , religião
Gostaria de colocar gelo sobre tudo isso
Eu quero escrever a minha canção inocente
Você sabe, maninha, daqui para frente, quando for ao mercado
Não se esqueça de comprar poesia

Acreis, 06/05/2012 - Búzios/RJ

terça-feira, 24 de novembro de 2015

A Poesia Está de Luto


Vou atrás das carpideiras

Pela morte de um poema

Tenho  tristeza ... desilusão ...

Mas não consigo chorar

Por enquanto, você fecha seus olhos também

Não há razão para você chorar



Foi um poema que morreu ainda no meu sangue

Para minha tristeza e arrependimento

Senti dor nas minhas veias. Uma dor quente e amarga

Que deixou  abandonado meu  coração



A poesia está de luto

Mas a vida continua nos lábios não beijados

Porque o poema jamais deixa na boca qualquer gosto amargo

Porque o poema quando morre renasce em uma flor


Acreis,  08/10/2010 – Madureira/RJ

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O Despertar das horas

De que maneira reivindicarei teus beijos,
Se a prudência afastou-se de mim por razões diversas?
Atribuo a mim mesmo o fracasso...
É verdade!
Eu, que era por ti estimado,
Tombei, vítima de não sei quais vicissitudes,
Pois, tantas que foram,
Não me foi possível a acuidade.
Suporto agora a dura distância,
Tentando reformular o que já não posso,
Reunindo costumes que já não são meus,
Direcionando para o invisível as águas barrentas das madrugadas.
Logo tu, que fostes para mim o oposto do medo,
Que me ensinavas que, embora tarde,
O barco sempre deve chegar ao cais.
A tua figura ainda mora em meu corpo.
A tua imagem afugenta a minha tristeza.
Lentamente as horas se vão
No manuseio das páginas escritas,
Mas sem espaços para as feridas ainda indiferentes.
Tuas idéias habitam a minha amargura,
Afogadas nas paisagens desses versos.
Toda a tua ternura ainda mora comigo,
Segura e em silêncio,
Escondida nas cartas, em forma de desenhos,
Profundamente desnuda.

Acreis, 20/11/2010, Santa Cruz/RJ

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Jardim do meu Desejo


Da  morte eu quero o ouro
Vou às memórias cruas de um outro tempo
Eu balançava no centro do véu do barril
Tempo, luz, sim
E eu pensei que a cor
Nasceu no Jardim do meu Desejo
Foi e deve estar na alma da minha infância
Na distância mais  próxima de uma flor
Considerando-se as estrelas, o ouro caiu
Em uma noite que  eu estava a me casar
Em uma noite bela, como todas elas são
Por favor, não se esqueça , meu amor, ao dormir, apagar as estrelas!
Sonho em ir à lua contigo, mas não me acorde agora
Periódicas vezes , quando você está sendo pintada por mim
Sinto um nevoeiro vindo
Para esconder a minha princesa nua.

Não vai ser uma cor qualquer que eu quero
Quero tapetes da Pérsia e mais
Cortinas de marfim de toda a China
Prática do templo Aureos de cetim
A fonte de perseguir uma sombra tranquila

Acima do mar, a Catedral
Subir escadas para chegar ao céu

- Eu sou o rei no exílio e em torno de mim eu quero tudo
Sou um homem chamado o sonho
Um jovem que passeia com sua amada pelos oceanos
Para cima e para baixo
Correndo atrás do sol

Acreis, 18/12/2013 - Sta Cruz/RJ - chez moi
Para Iolanda, avec amour

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