Para comprar batata, cenoura, beterraba e macarrão
Do meu quarto eu gritei: traga também poesia
Vou tomar um bom banho de água fria
Água quente deixa a gente muito lento
Quase todos os grandes sites nada dizem, nada executam
Maninha, traga também poesia
Telefonarei para o dono do mercado
Se não tiver poesia hoje, que traga amanhã
Eu quero ficar brincando de escrever
Eu tenho um monte de casos em minha vida
Mãezinha, está havendo uma explosão em meu peito
Eu tenho um monte de tristeza em minha vida.
Quando eu era criança, minha avó me ensinou uma canção tão inocente
Eu quero criar uma grande canção inocente
Eu sabia que meu pai tinha algo para me ensinar
Por graça de Deus, meu pai era poeta
Eu não quero perder nada em minha vida
Na minha casa não tem mais poeta ?
Eu tenho um monte de coisas para escrever, coisas da minha vida.
Minha mãe estava chorando
Mas eu tenho a solução para sua taquicardia
Ela não quer morrer tão nova sem ter vivido a vida
Eu não digo nada
A minha vida cabe em toda a poesia do mundo
Minha mãe acha que vai morrer em breve
Todo filho não tem coragem em aceitar, mas em primeiro lugar , eu acredito
Que o maior sofrimento é a perda de um filho
Resistência , sacrifício, violência , religião
Gostaria de colocar gelo sobre tudo isso
Eu quero escrever a minha canção inocente
Você sabe, maninha, daqui para frente, quando for ao mercado
Não se esqueça de comprar poesia
Acreis, 06/05/2012 - Búzios/RJ