Por toda parte, flores.
Ramos de lilases, delfínios,
ervilhas-de-cheiro e cravos aos montões.
Íris e rosas também.
O florista aspira o suave aroma do jardim.
O mundo torna-se agora perfeitamente silencioso
e um bando de beija-flores cruza o céu,
e os sinos batem doze vezes.
Negros guarda-sóis abrigam o florista,
que traz nas mãos seu caderno de orações,
e a esquisita sensação de estar invisível.
A imagem da límpida aurora no campo
estampa-se em livro aberto,
mostrando que é muito perigoso viver.
Sem a antiga amargura, ele, o florista,
relembra a cena do jardim,
onde passeia com uma flecha cravada no coração.
Havia nele algo de pássaro,
azul-verde, leve, vivaz.
Às voltas com suas coisas
o florista vai à ópera,
onde ele próprio compra as suas flores.
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