terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A Sua Loucura


Você adora ilustrar-se com tristeza profunda,
e fala de dignidade, prudência, em qualquer clima.
São costumes seus, de tal maneira que parecem vicissiitudes,
desejos íntimos, para superar, talvez, seus próprios prestígios.
Você aprimorou bem seus desenhos, que chega a despertar
versos que escreve acerca da amargura...
O afeto mentiroso mostra-se em rituais
que nem mesmo conhece;
são águas com asas que adentram vidraças,
que incutem amores efêmeros.
Qualquer existência, aliás, tudo que existe,
torna-se encantado quando visto nas cartas,
nas ruas escuras que levam às montanhas,
onde o medo é silencioso e os cristais são suspeitos,
por suas imagens incorporadas sem teor, sem ideias,
mórbidos na derradeira aurora.
A sua loucura é feita de areia por onde passam os peregrinos,
o seu punhal é um menino que toca flautas,
enquanto você se banha nas espumas.
Sortilégios do amor.
Pedras que formam veredas de neve,
serpentes com bocas que abrem e fecham lentamente.
O que você manifesta torna-se valioso,
mesmo as feridas estampadas em páginas,
oferecendo os frutos das madrugadas invisíveis,
sob as formas de figuras sem corpos,
nas evocações dos gestos,
na ternura serena dos espaços que a poesia desnuda da música
transforma em agonia.


Acreis, 24/04/2001.
Sta Cruz/RJ (chez moi).

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