sábado, 6 de outubro de 2012

O Pão e o Sal

Acordei um pouco mais tarde hoje,
Sentindo-me triste e irritado,
Como se fosse uma tartaruga
escondida em seu casco.

E vem você à janela
E peço que me compre um pão branco
E que me arranjasse também
Um pouco de manteiga, da mais barata.

E você logo retorna à janela,
Trazendo o pão branco e a manteiga,
Dizendo: a manteiga é de ontem,
Porém está muito boa!

E você adentra meu quarto
Como uma camponesa excessivamente loquaz.
E se vai embora
Meu aspecto tenebroso.

Naquele momento, a emoção que oprimia meu peito
Agora o oprime por outro motivo.
Confesso-lhe que tinha sofrido bastante,
A ponto de muitas vezes perder noites de sono.

Decido então prestar homenagens a Baco:
Evoé, Baco!
E lhe peço: venha para cá,
Com seus trens e suas roupas.

Cai então uma chuva diluviana naquele momento,
Enquanto ainda sangra o meu coração.
Penso comigo: corta-se o casaco de acordo com o pano que se tem!
E você não dorme
E  amanhece comigo.

Acreis, 10/02/2011, Santa Cruz/RJ

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