terça-feira, 13 de novembro de 2012

MOMENTO



Espreito a primavera sozinho em folhas, em olhos, em sorrisos.
A paixão fascinante faz suave o linear das origens.
Meu sangue é romance incomum, que suavemente penetra o espelho da sua lembrança.
É ainda jovem, selvagem, e seus passos a distanciam de mim,
Porque é enigma, seios feitos de nuvens, no amargor do que tento adivinhar!
Seus movimentos, onde mergulho, desabrocham as cinzas do que fui,
A verdadeira face repousada na repulsa.
Ainda é segredo a sua tarefa inocente,
Mas sua memória nada tem de ansiedade para sufocar.
A ventania acorda a sua alma, fantasiada de poesia, de melodias, de brisa.
O manto que cobre seu corpo muito me magoa,
Mas a habilidade que, estranha, você é capaz de curar,
Constantemente deixa-me ver o suficiente.
Suas lágrimas desafiadoras claramente tocam o que flutua:
Meus dissabores capturados pelos seus carinhos descobrem árvores de amor.
Seu corpo molhado de febre torna-me mais paciente,
Pois imagens de sedução são mensagens avidamente desertas.
Tenho confiança em você, mas há limites, lapsos voadores que a tornaram imatura.
Suas nuances sempre martelaram o que sou, sedado na aparência,
Flutuante na escuridão... Respiração reconhecida por sussurros.
São verdes os sentidos... são vazios os perfumes...
A gota soprada no lume do outono traz o sono,
Abraçada, estremecida, sem forças, em conflito.
A recordação do lamento já é lucidez, não mais devaneios,
Nem trauma, nem vazia.
A recordação é desfolhada em sacrifícios de sua residência.
Resplandecida em silêncio, tem ainda capacidade de não cair em abismo,
Nem de guardar rancores, seja em qualquer linguagem.
Você se esconde na floresta, tomando forma de argila, descendo escadas,
No beijo que arrepia sob a chuva, na carícia de suaves vozes,
Que semeiam pensamentos nos perfumes.
A viagem para o campo ainda é flor,
É convivência no chão vazio do delírio.
Embora distante, o escuro traz a agonia da pastora,
Com suavidade nos lábios, nas palavras, nas conchas de outros delírios.
Os mares, nesse instante, cativam o que lhes pertence.
Sejam os teclados dos amores, sejam as cores nas janelas,
Sejam todos os planetas perdidos.
Existem cochichos de pássaros, que adornam a graciosa mulher que dormia.
Seus olhos orvalhados pelo calor do seu rosto
Fazem o impossível criar portas,
Vasculhando outros beijos,
Sentindo o afastar dos dedos, das estrelas, do cheiro, do sonhar.
Nesse momento, em segredo, a fogueira segue o seu destino.

Acreis, 22/11/2010   Sta Cruz.
Para Iolanda, somente.

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