sábado, 3 de novembro de 2012

Sou Eu Agora


Começo pelo fim.
E o fim, que parecia morte, é vida.
Eu tinha sido avisado.
Sou eu agora.
É estranho, mas faz sentido.
No início não conseguia encontrar
fluidez nem expressão.
Meu pensamento era meu corpo,
e cada reflexo que via, era eu.
Até a lucidez, aos poucos,
tomar o seu lugar...
A primeira lembrança, na verdade,
era a última.
O corpo recordava somente do fim.
A lembrança veio em cores nítidas,
desconcertantes para mim,
mas não para a memória.
Tinha medo.
Fugir, correr, era tudo que pensava:
-falhei.
Do que tinha conhecimento
trazia na memória,
não em mim.
Uma luz tênue, vindo não sei de onde,
brilhava na entrada de uma porta.
Não era o beco sem saída,
que temia e esperava.
Sobrevivi.
Talvez venci.
Não é tão rápido assim
passar pelo limite da morte...
Há dor em toda parte. Tudo é dor.
A dor é tudo.
Ninguém consegue fazer a dor parar,
assim, assim.
A escuridão passou a não ocupar tudo.
Aos poucos eu me via livre de mim,
do meu corpo.
Foram embora o frio e a dor,
e o próprio medo.
Tinha comigo uma lembrança
dentro de outra lembrança...
A escuridão havia sumido.
Sorri e estreitei meus olhos para o sol.
Agora sou eu.

Acreis, 24/05/2011
Madureira/RJ

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