segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Seus Olhares



Seus olhares molhados nascem com a manhã
E invadem minha alma, corrompendo-a. 
Não consigo fugir à sua manha, 
Cativo da sua beleza... 
Cavalo atrelado ao jardim das virgens, 
Coberto de flores  sensualizadas, 
No que o amor adoça e não passa. 
Tortura-me com sua vazão de gozos, 
Com seus trovões de beijos tenebrosos, 
Laçando-me com seus laços doces, 
Com seus lábios e sabores, 
Deixando-me fatigado, extasiado  
E translúcido de

domingo, 30 de dezembro de 2012

Poemas


Sempre busco a quem me ama
E me tem afeto
Para que a vida não perca
O seu encanto.


A.C., 05/11/2010-Madureira/RJ
Para meu amor Iolanda.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Minha Bem-Querida


Minha bem-querida,
Para mim tu és
A coisa mais bela
Deste mundo.
Difícil é te compreender
Toda.
Fácil é te ceder
Meu coração.
Quando nos banhamos,
Nossos suores
Nos fazem tremer,
E logo ficamos verdes
Como as ervas,
E meus olhos
Deixam de enxergar.
Adorar-te-ei
No sacrifício
Dos meus pensamentos,
Toda a tua formosura,
Com tudo quanto sinto
Para adorar-te.
O meu amor por ti,
Doce e sublime,
De novo me socorre.
Tento lutar,
Mas contra o meu amor por ti,
É impossível.
Se tu fosses criança,
Eu seria a tua mãe.
Minha alma é tua,
Pois algo me diz
Que sem teu amor
Eu não posso viver!


Acreis, 22/09/2012, Sta Cruz/RJ
Para minha primavera, Iolanda.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Vulgar Donzela


Vulgar donzela, que entra e rouba sentimentos
Em minha vida
E me tem por culpado, por réu,
E quer que eu sofra
E pague por beijos, carícias,
Que um dia fiz
Vulgar donzela, sua face muda de cor,
Sua língua se prende
E o ciúme acende o calor do seu rosto
E nos braços meus, tanta ternura
E medo da sua fé, que não é pura.
Vulgar donzela, um  sorriso que fosse
Bastaria para alegrar minha figura
E tirar do meu peito
A sina de traidor.
Mas você, vulgar donzela,
Quer me fazer de tirano,
Me atirar de um penhasco
Ou que um raio caia em minha cabeça.
Mas eu não durmo.
Às vezes eu não sou eu,
E o rio muda de curso,
Pedras são quebradas,
E deixo para você
Apenas o eco de minhas palavras.

Acreis, 03/06/2011, Sta Cruz/RJ

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O Mesmo Homem

Sou ainda o mesmo homem sentado à sua frente
Que  escutava com tal doçura a tua voz
A ponto de esquecer o que nem mesmo pensava
Prestando  atenção em tudo  que falavas

Sou ainda o mesmo homem que tanto a admirava
A ponto de nada ver ao meu redor
E a escutava assim tão de perto, mas tão de perto
Que meu coração de mim já não fazia parte

Sou ainda o mesmo homem que nem de mim dava conta
Que somente em você pensava
Achando-a a mais bela coisa deste mundo
Que por você morria, que por você matava

Sou ainda o mesmo homem que um dia a viu partir
Destruindo o que de bom em mim restava
O mesmo homem que as lembranças corroem
O mesmo homem que não vê mais  nascer o sol


Acreis, 20/06/2012, Sta Cruz/RJ

domingo, 23 de dezembro de 2012

Babel

A minha amada é tão linda
Que morro de ciúmes dela.
Minha má aparência, porém,
Não me impediu
De me tornar seu amante.
Coloquei-a em uma alta torre
Onde  somente eu a alcance.
E visito-a todas as noites
Proibindo-a de fitar meu rosto
Enquanto passo a amar.
Por causa disso
Ela não me abandona,
Por causa disso
Eu a amo e a tenho profundamente.
Nas manhãs que vou embora,
Deixando-a extasiada de amor,
Bate em meu peito um remorso,
Porque a deixo sozinha
Por mim esperando,
Alimentando-se do que restou
Dos meus beijos.
E assim,
Todas as noites,
Principalmente as mais frias,
Volto à alta torre
Para executar a tarefa de amar.



Acreis, 19/06/2012, Sta Cruz

Valiosos presentes



Valiosos presentes dou para minha amada
Que para mim se perfuma
E canta com voz melosa
Enquanto afaga meus brancos cabelos.

Entusiasmada, acarinha-me docemente
Beijando-me a boca tantas vezes
Que adormeço
Enquanto conto quantos beijos.


Acreis, 19/06/2012, Sta Cruz/RJ

sábado, 22 de dezembro de 2012

Chove Tanto Em Minha Vida


Chove tanto em minha vida.
Em minha vida chove sem parar.
Não há mais flores viçosas
Nem alegres,
O que há são folhas mortas.
O que se vê são densas nuvens
Que impedem  que eu veja teu rosto
Ou dele me lembre...
Há quem se orgulhe em ser fraco
E de temer coisas desconhecidas...
Eu vou à rua e misturo-me com a chuva.
Tenho ímpetos de dançar,
De ter prazer sem contato,
Indefinível desejo de volúpia,
Sentimentos sem medo algum
De ficar desnudo,
Lascivo e cheio de gozo.

Acreis, 19/06/2012, Sta Cruz/RJ

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Amores E Dores



 O nosso amor nasceu em uma primavera azul,
 Alegre, grandioso, sutil como a própria primavera,
 E à nossa volta tudo ficou mais feliz,
 Pois o teu amor era todo meu...
 Vivíamos rindo de tudo,
 Olhando sempre um para o outro.


 Surgiram então outros amores em nossas vidas,
 -Não me lembro em qual inverno-
 E com eles caminhos incertos seguimos
 Sem mais olhar um para o outro.

 Amores e dores!

 Nossos corações atormentados
 Derramaram suas derradeiras lágrimas...
 Eu ausente.
 Tu ausente.

 Nossos momentos para onde foram?

 Sentimos nossas almas separarem-se, lentamente.

Acreis, 19/06/2012, Sta Cruz/RJ

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Minha Amada Está Morrendo



Minha amada está morrendo
Deitada entre violetas
Cheia de pureza
E com os olhos francamente aflitos



Pudesse eu beijar a sua boca
Mas tenho vergonha de oprimi-la
E causar-lhe maior mal ainda
Pensando tramar contra sua vida



À noite estrelas vêm rodeá-la
E o orvalho banha todo o seu rosto
Minha amada está morrendo
E a lua vem exalar o seu aroma.




Acreis, 18/06/2012, Sta Cruz

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Teus Olhos Seguem As Ondas




Teus olhos seguem as ondas, e, como por magia,

Transformam-se também em ondas,

Que chegam a alcançar o rio do meu corpo.

Por um instante te vejo dentro do meu peito

A passar a mão em minha carne

E a língua em minhas entranhas.

Peço a Deus que nada me socorra,

Que meu espírito desça abismo abaixo,

Para enfim te ter como minha bem-querida.


Acreis, 18/06/2012, Sta Cruz/RJ

domingo, 16 de dezembro de 2012

Então Morrerá O Efêmero


Atinjo o alto da mais alta montanha distante
Onde tudo se esconde e é belo
E vou-me deixar perder em verdes vales
Coberto de sombras, pensativo.

Minha alma lá se deita e se esquece
E durmo então por completo
Deixando-me levar pelos sonhos
De um dia maravilhoso e sublime
Me ver em teus pensamentos.

Então morrerá o efêmero
E teus olhos para sempre brilharão,
Autênticos, eternos, verdadeiros,
E Deus reservará para nós
Uma singela casinha
No alto da mais alta montanha distante,
Onde moram os anjos.


Acreis, 17/06/2012, Centro/RJ

Bem-Querer



Tornar-me-ei cada vez mais por ti apaixonado
Até o amor ficar maior que a Terra
E nos dias quentes de verão, no deserto,
O sol estenderá a mão para uma plantinha.

Com ela enfeitarei os teus olhos
E falarei eu teu ouvidinho:
Tu, queridinha, terás os mais belos
Vestidos e sapatos,
E somente para ti darei meus beijos...

A chuva então virá,
Gota sobre gota
Orvalhando a terra irradiante
E diante de ti preserva-se-ão
Todas as flores
De um imenso jardim.



Acreis, 17/06/2012, Centro/RJ

sábado, 15 de dezembro de 2012

Uma Rubra Maçã



Uma rubra maçã
Do mais alto galho da macieira
Atinge o  chão suavemente
E eu a colho para ti
Que docemente a acolhe
Com tua rubra boca



Acreis, 17/06/2012, Centro/RJ

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Quem Se Enfeita Com Flores



Quem se enfeita com flores
Para se casar não precisa de grinalda
Elas tecem nobre coroa
Em teus cabelos

Fogem as garças
Com suas belas grinaldas
E deixam feliz
Quem se enfeita com flores



Acreis, 17/06/2012, Centro/RJ

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Uma Peixa Pôs-Se A Nadar






Uma peixa pôs-se a nadar
E muitas outras também:
É madrugada quase amanhecida
E eu estou aqui pescando sozinho.



Acreis, 17/06/2012, Centr/RJ

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Nada Falo Quando Me Falas Com Tal Doçura


Nada falo quando me falas com tal doçura
E quando ris meu coração se excita
A tua língua invade a minha garganta
E já é tua a minha voz

Tuas mãos tocam meu corpo feito fogo
E sob a pele delira a minha alma
Meus olhos nada enxergam
E meus ouvidos zumbem

Meu corpo todo treme e sua
Enquanto tu me matas
Enquanto tu me enlouqueces
Enquanto emudeces minha boca
Com a tua.

 Acreis, 17/06/2012, CentroRJ

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Nosso Poema de Amor


Reprovável e pecaminoso
é como é visto o nosso poema de amor
e a cada passo que damos
nossas personagens fragmentam-se
em dossiês eróticos.

Vivemos em revistas
pornográficas
mandando às favas
sátiras e críticas sociais.

Nossos encontros
são proibidos
pelas autoridades
mas nos revelamos
em filmes
e telas de promíscuos
compositores.

Nosso poema de amor medieval
conta histórias
de luxúria e sedução
monge e monja
amando-se no convento
lendo textos
de incesto e submissão.

E o nosso poema de amor
nos leva a viver
num mundo
de sexo e poesia.

Acreis, 09/06/2012
Centro/RJ
Para Iolanda, carinhosamente.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

FELLATIO





Sua imagem misteriosa
Mística intrigante
Sob um aspecto de erotismo
Surge extremamente
Maravilhosa
Redescobrindo
Cobrindo
Prazeres
Em maior medida
Vindo com estupor
Puramente habitual

Versos e desenhos
Em quantidade
Esculpem sobremaneira
O que te dou de belo
- falo desmesurado -
Em sua boca
Aberta
Provocativa

São posturas variadas
Extensivas em suas expressões
Para nossos vultos isentos
Para nossos corpos estranhos
Para nossas almas catolicamente
Pervertidas

Acreis, 09/06/12 - Centro/RJ
Para Iolanda, com ternura.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Brechas e Carinhos


Vi você me vendo
pelas vendas, veredas,
descaminhos.
Vi você vindo
pelas fendas, brechas
e carinhos.
Você vinha vindo
e me encontrou indo,
nem chorando,
nem sorrindo,
meio calado,
meio pelado e vestido,
e você vinha vindo
e eu partindo.
Seu olhar partiu meu coração
suplicamente,
sua mente, em súplicas,
invadiu-me a emoção.
É pouco para mim
esse seu riso,
a marca do seu dente siso
na minha língua,
a íngua que ficou na minha virilha...
Sinto saudades também.
Beijos pra todos:
pai, mãe e filha.
Amém!


Acreis, Sta Cruz, 06/11/2011

sábado, 8 de dezembro de 2012

A Floresta de Folhas


Chegamos. As árvores estão melhores do que imaginávamos.
Vamos ver as coisas, desfazer as malas,
na casa em que o tempo esqueceu.
As minhas chaves? Achei! Estavam na cabeceira da cama.
Vamos jantar molho de tomate com mel
e depois brincar seriamente com a vida.
Há um mundo fantástico ao nosso redor,
onde seres invisíveis desvendam segredos
e nos chamam de amigos.
Nunca antes este mundo fantástico
havia saído do baú
e deixado soltos seus gnomos.
O sol bate no jardim onde crianças passeiam.
As flores estão calmas.
Quando se sabe mais do que se deve
corre-se perigo de vida,
anda-se com um olhar embebido
e os segredos colocam-nos em silêncio.
Os pássaros gritam: vingança ou morte!
E, na língua dos elfos, evocam todos os bichos
que morreram.
Olhemos a lua para que tudo dê certo.
Flores mágicas nos abraçam
e eternizam o nosso amor.
Vamos entrar? Voa, o quanto pode!

Acreis, 17/04/2011
Sta Cruz/RJ.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Árvore da Vida

"...como aqueles botões da árvore da vida, que antes eram flores da escuridão..."


Pelo correio do pensamento
te mando uma mensagem da máxima importância,
como um trem que sai de um túnel
à procura de tua estranha beleza.


Tu cantas o canto das cigarras
para dar vida às árvores.
Ah! O amor me deixa tão solitário...


Os teus olhos, depois de riscarem
a sua trajetória na noite,
somem no meio da escuridão,
desaparecendo nas casas e colinas,
sem cor nem janelas.


Te encontro à margem de um rio
onde passeiam os mortos.
Ali está a tua mão.
Ali estão os mortos,
já que a morte não existe.


Te vejo perto daquela gente vagarosa,
que me olha tão vagamente,
sob a carícia da brisa.


Ainda não se sabe nada da vida!


Esta noite quero sentir
na flácida pele da tua face desgatada
o beijo da compaixão,
pois a vida não tem nada a ver com rosas.


Nossos momentos são esses,
como aqueles botões da árvore da vida,
que antes eram flores da escuridão.

Acreis, Madureira/RJ, 19/04/2011
Para Iolanda, avec amour.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Ouvindo Estrelas



Vejo você contemplando estrelas,
dizendo para mim os nomes delas,
as mais brilhantes:
Sirius, Vega, Capella, Antares, Atria...
Alhena, Polaris, Cor Caroli, Zeta...
Epsilon, Delta Orionis...
Estas últimas você me disse
são as estrelas do Cinturão de Orion.
Esse momento é de uma noite de janeiro
em que há o peso de todas as noites.
Enquanto você se olha no espelho do céu,
passando as mãos nos cabelos, assim,
nesta noite de verão,
as ondas da praia se juntam,
balançam e tombam...
E os cães, lá longe, ladram, ladram...
Você se deita n'areia
como uma virgem que protege a sua castidade...
E eu lhe contemplo e vejo você
como uma lua olhada da praia,
terrivelmente bela...
Você caminha n'areia
carregando nos braços a própria vida,
e seu olhar foge como um pássaro
que toca um ramo e logo alça vôo.
Você me chama em auxílio,
como uma rainha cujos guardas adormeceram,
deixando-a sem proteção.
As ondas da praia dizem:
adiante, adiante...
Andamos então como quem colhe amoras ao sol.
- Leva-me contigo para uma longa viagem?
Dentro das nossas almas uma estranha luz
corre cortinas, escancara janelas e portas,
e nos vemos à entrada de intermináveis avenidas,
por onde poderemos vagabundear.
Assim, nesta praia e sob o ceú estrelado
vamos nos libertando de todas as nossas máscaras.


Acreis, Sta Cruz/RJ, 19/04/2011
P/ meu amor Iolanda.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Batalha de Deus contra Satã



- A chave para o coração de uma mulher é a afeição.
- Mas não há homens leais!
- É mais fácil matar uma pessoa se estiver ao lado dela.
- Sempre haverá boatos...
- Satã fez coisas ruins que não devia, que pensava ser bondade.
- Porém Deus luta desarmado e Satã tem soldados!
- Sabe-se que os inimigos são mais fracos no escuro e o sol nasce em minutos...
- Algumas derrotas na guerra devem ser esperadas e elas tornam mais doces as vitórias.
- Deus nos dará pão, cerveja e a absolvição de todos os pecados.
- Implorei por ajuda em todas as minhas vidas e Satã me ouviu. Não riu de mim.
- As mulheres quase todos os dias são mortas como bruxas.
- Rezemos para Deus estar de bom humor!
- Não estamos todos salvos!
- O fim está à vista!
- Satã é filho de um ladrão com uma prostituta...
- Tudo é questão de vida e morte e seu filhos morrerão no inferno por seus pecados!
- Todas as mentiras de Satão são do meu interesse...
- Deus tem outras preocupações neste momento!
- Pessoas de bom coração temem a Deus...
- Deus é um som de uma imagem...
- O fedor do inferno é horrível, mas o cheiro da vitótia é doce...
- Nunca compreendi a vontade de Deus...
- Minha única esperança é que Satã seja derrotado!
- Nessa hora estarei de joelhos cantando louvores a Ele...
- Deus mandará Satã para uma cilada e ele será enforcado!
- Os homens de Satã estão vindo para ajudá-lo...
- Será preciso esforço, mas Deus está do nosso lado.
- Tem-se mais simpatia por Satã do que o mundo imagina!
- Deus exige obediência e reconhecimento público dele como Rei!
- O que se escreve hoje pode-se apagar amanhã...
- Tudo que Satã tem a dizer é que nunca traiu Deus, e será perdoado...
- Se Deus tem planos, não estão funcionando bem!
- Faça suas pazes com Deus, Satã!
- Ele era meu amigo. Ele me deu este mundo!
- Parece impossível. Ele não quer ser substituído...
- Anuncio a confirmação!
- Que assim seja!
Acreis, Sta Cruz/RJ, 22/04/2011
(Sexta-Feira Santa)

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A Sua Loucura


Você adora ilustrar-se com tristeza profunda,
e fala de dignidade, prudência, em qualquer clima.
São costumes seus, de tal maneira que parecem vicissiitudes,
desejos íntimos, para superar, talvez, seus próprios prestígios.
Você aprimorou bem seus desenhos, que chega a despertar
versos que escreve acerca da amargura...
O afeto mentiroso mostra-se em rituais
que nem mesmo conhece;
são águas com asas que adentram vidraças,
que incutem amores efêmeros.
Qualquer existência, aliás, tudo que existe,
torna-se encantado quando visto nas cartas,
nas ruas escuras que levam às montanhas,
onde o medo é silencioso e os cristais são suspeitos,
por suas imagens incorporadas sem teor, sem ideias,
mórbidos na derradeira aurora.
A sua loucura é feita de areia por onde passam os peregrinos,
o seu punhal é um menino que toca flautas,
enquanto você se banha nas espumas.
Sortilégios do amor.
Pedras que formam veredas de neve,
serpentes com bocas que abrem e fecham lentamente.
O que você manifesta torna-se valioso,
mesmo as feridas estampadas em páginas,
oferecendo os frutos das madrugadas invisíveis,
sob as formas de figuras sem corpos,
nas evocações dos gestos,
na ternura serena dos espaços que a poesia desnuda da música
transforma em agonia.


Acreis, 24/04/2001.
Sta Cruz/RJ (chez moi).

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fingisse Eu Te Amar


Fingisse eu te amar,
por mais decente a vontade,
não me conceituaria.
Tentasse ser expressivo,
ligeiramente loquaz,
cairia em escândalo.
Não teria a última palavra,
nem estilo,
por mais literato que fosse.
Te amo sem sátira,
solícito, mas com aspecto
de quem vive dando cambalhotas.
Sou escrivinhador provinciano,
às vezes zangado com a vida,
porém desdenhosamente eufórico
com ela.
Faço tempestades em papéis,
confeitados com improvisos incorrigíveis.
Fico espantado comigo,
pela impulsão de querer te amar
subitamente.
Meu alívio é de ter no bolso
uma ousadia desesperada,
versos em forma de franjas
que enfeitam teus travesseiros.
Tu és fogosa,
sentada na poltrona
de frente p'ra mim,
indizivelmente bela,
sempre com a sensação
de que estás nua,
mas na verdade vestida
ricamente de palavras.
Te amar não é tolice minha.
Te amar é ter esse riso diferente.
No assoalho em que deitamos,
ou no sofá onde dormimos,
nosso sono é sempre febril.
Não há prognóstico para o nosso amor.
Te amar é tempestade,
sem princípio nem fim,
somente minúcias íntimas.
Nossa vitória é secreta
e nosso amor é isolamento...
É inédito te amar,
a forma é estranha,
a sensação é espantosa.
O nosso amor é cruel,
sem contradições,
celebrado a cada beijo.
Dos pés à cabeça
nos damos,
na intenção de guardar
em estojos
os nossos olhos dos passeantes.
Decididamente te amo,
cercado por ilhas e montanhas,
pelos arquejantes abismos
do nosso espetáculo de incertezas.
Antigamente, quando eu não te amava,
era surpreendido por luminosas
e esplêndidas avenidas de enredos,
bruscamente sem horizontes,
vestido eu de molambos
e com os cabelos em gaforina...
E hoje eu te amo,
e tudo se ilumina,
tudo se torna casaco
nas noites de intenso frio
em que encarcerar-te-ei.


Acreis,24/04/2011-Sta Cruz

sábado, 1 de dezembro de 2012

Poemas


Sempre busco a quem me ama
E me tem afeto
Para que a vida não perca
O seu encanto.

A.C., 05/11/2010-Madureira/RJ
Para meu amor Iolanda.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O PERFUME DAS COISAS


As folhas deixam no ar o perfume 
 Preenchendo o vazio do nada, 
 Para adorar os amores, 
 Dar forças aos sentidos, 
 Tocando de leve a face carinhosa das cores. 
 O amargor desaparece, em segredo, 
 Fazendo surgir sorrisos, 
 Feito carícia cativante de um mar 
 Quando se encontra com a chuva. 
 É impossível que meus olhos esqueçam-se das flores! 
 Flores que desabrocham, lembrando-me seus lábios. 
 É momento de abraçar estrelas 
 E tê-las como se estivessem no chão. 
 Mas as horas vazias chegam 
 E novamente seus beijos, achando-me sozinho, 
 Invadem minha vida, 
 Transbordando-a de primavera. 
 A brisa da manhã cinzenta vem repleta de amores! 
 E meu pensamento undívago é agora pura paixão. 
 Semeio tons e semi-tons sobre o eterno outono, 
 Molhando melodias que nascem das árvores, 
 Num profundo sono que já vai distante. 
 O vento sopra somente para adornar 
 Aquilo que se achava perdido, sem pertencer a ninguém, 
 Descobrindo sonhos, cobrindo com seu cheiro bom 
 O que me resta agora de destino. 


_______ Acreis_____

 18/11/2010 Sta Cruz/RJ 

 Para Iolanda, com carinho.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

TEUS BEIJOS

    

Teu rosto traz o calor dos meus passos, apressados,
Como se fossem eles, os passos, susurros.
É verde a esperança!
São sinceras as minhas palavras!
Tento afastar teu semblante de mim, mas não consigo...
Meus movimentos só me levam a ti.
Nosso romance começou há um dia,
Feito delírio que vai tomando o ser, gota por gota!
Mergulho então nos teus beijos,
Segurando-te pelos dedos,
Sem deixar tua vida vazia de mim.
A floresta que nos esconde
É o manto com que dormimos,
Basta tocar as nuvens
Que estarei tocando teus seios.
Meu delírio lembra os pássaros
Que voam para as janelas abertas de nossas almas!
                                                                                       

Acreis, 27/11/2010
P/ Iolanda, avec amour.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

NOITE

 mesmo bilhete escrito com tanta intensidade,
demasiada ternura encheu minha mente.
As batidas do meu coração são acompanhadas
por uma sensação de querer
ser o que não fui e passei a ser
através de seus lábios,
embora o coração não batesse rápido o bastante.

Tenho sonhado com escuro
e por estar tão perto e tão quente demais
acordo suando quase toda a água do corpo.

O ar fresco parece o paraíso
que a sacola fica leve
e um gosto de chocolate escapa de minha boca.
Olho o chão quase tropeçando
mas não deixo a esperança tão fechada
que não seja difícil de destrancar.

Ainda preciso falar com você,
é que estou sozinho faz muito tempo
e essa estupidez me surpreende
de não ter beijado você demasiadamente.

Há um gosto de terra em minha boca,
talvez seja por isso,
mas não quero que nada me denuncie...
Prometa só uma coisa:
fica aí parada que chego num instantinho...
Minhas mãos serão suaves,
meus beijos serão suaves e quentes,
mesmo com as noites quentes do deserto.

Acreis, 30/11/2010  Santa Cruz/RJ
Para Iolanda.                


terça-feira, 27 de novembro de 2012

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

domingo, 25 de novembro de 2012

Comunhão


corro atrás de você chamando :
Espere, espere...
E um raio de luz, fragílimo,
Vem do pátio e faz seu rosto aparecer.
Ainda não sabe por que a chamo tanto,
Nem o prazer de contemplá-la dessa maneira.
- Quem é que te mandou?
- Foi sua irmã.
- Você gosta de mim?
- Mais do que de tudo!
E seu sorriso fica mais sério.
É quando você aproxima seu rosto
E oferece-me os lábios,
Num beijo inocente.
Seus braços, magros como dois palitos,
Enlaçam-me com força, sua cabeça pende sobre meus ombros,
apertando-me contra si, cada vez mais.
- E você, já sabe rezar?
- Há muito tempo!
"Senhor, perdoai o meu irmão, abençoai-o.
Perdoai o nosso pai e abençoai o nosso outro pai, amém."
E, afinal, que o diabo nos carregue, a todos!


acreis,01/03/2011-Madureira.rj

sábado, 24 de novembro de 2012

À Beça




Não sei rezar
Não sei pescar
Naõ sei fazer porra nenhuma


Eu sei dormir
Sei ficar à toa
Beber eu sei


Não vi nada
Nada vivi
E nada me interessa
Nem estes versos
Que me deixam tonto
À beça


Acreis, 01/03/2011, Madureira/RJ

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Querida

"Mas, por enquanto, não chores..."


Tu, querida, não conheces a vida.
És um anjo cheio de paixões.
Tua mãe, morta de parto,
quando ainda eras de berço,
foi infeliz por própria culpa.
- Débil felicidade imprecisa!
Lembro-me de ti ainda jovem:
Odiavas a leitura e só gostavas
de coser, tagarelar e rir...
Pegues para mim a espingarda
de calibre 24,
aquela que não dá coice,
porque vou à caça.
E quando me apetecer,
quando não tiver nada de melhor,
volto para teus braços.
Mas, por enquanto, não chores,
pois sou eu quem vai buscar a samarra,
logo que o calor diminuir,
já que talvez não estejas em casa.
Do pé da janela
contemplo teu rosto e espero a tua carícia prometida.
Sou feliz por sofrer
por tua causa,
e amo a tua dor
como sinal do amor
que tens por mim.

Acreis, 13/03/2011, Bangu/RJ

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Jardim

Esmago flores que não vejo
errando pelo jardim
donde não me é permitido sair.
Trago comigo a febre
de um sarampo complicado
por uma catapora
que não tive na infância.
Você toma a minha mão e diz:
- Iremos para onde lhe agradar!
Sinto-me então criança dígna de lástima,
e choro pelas horas
abençoadas da minha juventude amorosa...
Não, esta noite não sofro,
pois voltarei atravessando as muralhas,
e, cedo ou tarde,
me lançarei contra seu peito,
e você saberá que não se entra assim
na vida de um homem.
O nosso amor é a única coisa
que vale a pena para nós neste momento,
neste minuto presente.
É doce repetir o seu nome
quando estamos ligados estreitamente pelo coração.
Basta o pensamento de que vivemos,
de que respiramos,
de adormecer à noite com a cabeça em seus braços,
e de acordar de manhã sobre o seu corpo jovem de bruma.
Ajoelho e deito minha boca em seu ventre,
e de repente tudo se endireita e floresce.

Acreis, 14/03/2011
Para Iolanda, minha.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A MENINA


Sortilégios em desenhos de serpentes fatais,
A menina então nada vê, a não ser a mãe afogada,
Abraçada ao travesseiro.
A ternura das páginas de um livro, não um qualquer,
Mas do livro de fotografias, que a menina lê
Em silêncio.
As cartas deixadas sobre a mesa
Estampam ideias de cigano,
Não de um qualquer,
Mas de um cigano peregrino.
A menina desperta cedo demais para o seu corpo.
A sua figura se afigura a um punhal, que,
Cedo ou tarde,
Virará cristal, na paisagem sem fumaça nem madrugadas,
Mas tomará formas de neve, lentamente.
As asas da menina trazem imagens de santos,
Que incutem nos espaços
Diferentes águas.
Toda a amargura do mundo,
Mas também toda a calma,
Chegarão num sopro,
Na bruma escura da agonia.
A menina, a sua imagem,
Caminha pelas veredas,
Buscando sons de flautas,
Espuma e areia.
Os frutos da tristeza, plantados por ela,
Vão invisíveis por sobre as montanhas,
Conforme aviões taciturnos,
Conforme a boca da noite
Que não cala esses versos.

 Acreis, 18/11/2010, Sta Cruz./RJ

terça-feira, 20 de novembro de 2012

SENTIDOS


Amores, lábios, impossível não gostar...
Carícias, novamente lábios molhados de chuva para beijar.
Vem a primavera aberta de flores,
Tocando sementes, cativando as cores...

O pensamento é qualquer destino,
Mas que tenha o perfume de arrazadora paixão.
Olhos, sorrisos, folhas para folhear,
Ventos para soprar,
Abraços para adornar...

A floresta, enfim, descobrindo seu manto,
Permite que a brisa toque suas melodias,
Em tom poético, sem pertencer a ninguém,
Nem a quem está perdidamente sozinho, sem forças,
Como eu agora, em devaneios.

Visto a fantasia da alma, escondendo meu rosto,
Pintado com as cinzas, mostrando outra face,
Para repousar em delírios o romance
Escrito nos teclados.
Mesmo distante de mim, distanciando as palavras,
Deixo aos pássaros meus passos,
E volto a existir em qualquer flor,
Mergulhado nos movimentos amargos
De quem, talvez, nem queira adivinhar.

Agora as nuvens, em forma de seios,
Tornam-se para mim  enigmas,
Pois afastam qualquer sonho,
Elas, as nuvens, sempre vazias.
Os dedos das estrelas deixam fugir o lume,
E elas, as estrelas, sozinhas, não chegam ao chão.
Precisam de beijos, do cheiro de qualquer momento,
Para que, em segredo, desabrochem nos mares.


Acreis, 19/11/2010, Sta Cruz

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Fugaz


Mal consigo escapar de seus braços
e caio, precipitadamente, neles,
como se recorresse aos tormentos do amor.
Na verdade, o amor nunca me poupou.
Amante ou amado, sou sempre infeliz.


O amor não cessa de me atormentar,
porque conheço o ardor das paixões,
e hoje, sob o domínio de seus olhos,
sofro novamente em seus braços,
à imagem do seu amor.


Em meio às suas torturas
lembro de minha vida escandalosa:
mulheres atirando-se sobre mim,
abraçando-me com efusão,
e, perturbado,
falo que a amo somente,
que estou apaixonado por você!


Acreis, 21/03/2011, Sta Cruz/RJ

domingo, 18 de novembro de 2012

IMAGENS DE UM SONHO


Coração cigano, feito de vidro, desenhado com feridas.
Coração desnudo, que busca nas cartas o derradeiro silêncio.
A noite, serena, chega, como se estivesse afogada.
Chega na ternura de menina, que trás na mão um punhal,
Com um jeito diferente, diferentes idéias, mas chega.
Escondo meu travesseiro, não deixo espaço na cama,
Fico só, com minha loucura.
A amargura do ser é soprada nas paisagens,
Na invisível melodia que vem antes da aurora.
Não tenho medo, mas temo o seu corpo agora,
Principalmente nesta madrugada sem neve.
O barco, à deriva, perde-se nas espumas,
Nos sons das flautas, música qualquer que ouço,
Para acabar de vez por toda com a tristeza.
É triste ser triste. É como ser areia sem imagem,
Que se perde, lentamente, sem formas.
A hora da agonia ainda não chegou,
Mas as asas das montanhas deixam fugir a fumaça,
Que se tranforma em pedra,
No meu ou em outro verso qualquer.
As fotografias de minha infância
Estão ainda escuras, coladas nas páginas, estampadas
Nos frutos, na profundeza da tarde,
Em alguns cristais,
Mas estão lá, nas veredas, feito figurinhas jogadas nas águas.
Serpentes, sortilégios, poesias,
Tudo dormindo em um ninho só,
Aguardando o despertar da manhã.

Acreis, 19/11/2010, Sta Cruz (em minha casa).

sábado, 17 de novembro de 2012

JOVEM MENINA


Toda a suavidade fascina
O que claramente dormia.
Ela, a menina no campo,
Graciosa e desafiadora, surge em imagem
Entre os cochichos das flores,
Para, na agonia das lágrimas,
Recordar todos os lamentos.
A lucidez resplandece todo o silêncio
Das mensagens, a menina então insiste em seduzir,
Pacientemente, o som de uma concha.
Acorda, então, estreitando as ventanias,
Ansiosa e sufocada, em um planeta cinza,
Selvagem, em sua memória surrealista.
A inocente jovem, que procura lembranças
Nos espelhos de seus olhos,
No vermelho de seu sangue,
Na estranheza de sua origem,
Suavemente mostra sua habilidade
De curandeira, quando, de forma estranha,
Delineia no céu os percalços da vida.

Acreis, 21/11/2010, Madureira

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

São efêmeras as horas




São efêmeras as horas,
as existências,
tudo que existe.
Se eu negasse o caráter afetuoso
do encanto das cartas,
com palavras escuras, montanhas,
teria medo.
O silêncio abraça os cristais
com vigor incomum,
avaliando o que se suspeita,
em um ninho de fumaça
que lentamente se manifesta imorredoura.
Em um barco, entre outros bens valiosos,
vão as minhas feridas,
estampadas em páginas,
como as madrugadas
com seus frutos invisíveis.
Sob todas as formas,
as tardes em que nascemos se afiguram
às imagens dos gestos, ideias,
ternuras e espaços serenos.
Meu olhar desenha o despertar
florescente da aurora,
na desnuda poesia musical,
para buscar o afeto
dos costumes íntimos,
incorporando um personagem desconhecido,
que representa um cigano afogado.

Acreis, 06/04/2011
Sta Cruz/RJ

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

PRESENÇA


Teus gestos trazem à minha memória
Todos os personagens que já fui.
À época expressava meu amor por ti
Com muito mais bem-querença.
Éramos mais íntimos: tu valiosa; eu valioso.
Escrevo hoje como nunca, buscando
O antigo clima,
O antigo teor,
Fingindo aprimoramento...
Mas não há recíproca,
Nem de algo imaginado!
Ainda agora, para agrado pleno,
Eu penso assim:
Mais libidinagem, 
Desfrute do prazer,
Evocações da alma,
Para o íntimo esplendor...
Se eu negasse a existência da virtude,
A verdadeira virtude,
Incorporaria fenômenos imorredouros,
Insistiria no caráter aniquilador,
Revelaria a ausência da tua presença!
É por isso que careço em vincular-te sempre,
Mesmo sendo suspeito de estar sob teu encantamento.
Mesmo tentando afugentar o que sinto.
Mesmo querendo desconhecer o que conheci
No derradeiro aconchego,
Nas horas incomuns de nossos deleites.
Serás ainda bela e alegre?
Será que te adequaste ao novo amor?
Omito o que sei de mim,
Mesmo seguindo a vida com seus rituais,
Conduzindo a paixão avassaladora,
C
onsumida pelo sentimento cruel
Da  ausência tua.

Acreis, 20/11/2010, Sta Cruz

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